Moradores de áreas ribeirinhas da Baixada Cuiabana ocupam a Assembleia Legislativa de Mato Grosso em protesto contra projeto de proibição do transporte de pescado por 5 anos no estado. Cerca de 500 pessoas, representando 15 municípios, compareceram à votação do projeto, que foi apresentado pelo governo estadual um dia antes.

A mobilização rápida demonstrou a insatisfação da população, que considera o projeto uma afronta. A presidente da Associação do Segmento da Pesca de Mato Grosso, Nilma Silva, destacou a importância da pesca para milhares de famílias e ressaltou que os pescadores não estão pedindo esmola, mas sim lutando por seu sustento. Ela enfatizou a realidade árdua dos pescadores, com mãos calejadas e rostos queimados de sol.

Segundo a associação, o projeto possui falhas e irregularidades, sendo seu verdadeiro propósito facilitar a construção de usinas e pequenas hidrelétricas. Denominado "Transporte Zero", o projeto proíbe o transporte, armazenamento e comercialização do pescado pelos próximos cinco anos, permitindo apenas a pesca esportiva e a pesca de subsistência.

O projeto prevê o pagamento de auxílio financeiro aos pescadores artesanais durante três anos, com valores decrescentes. No entanto, nos dois últimos anos, nenhum auxílio será concedido. O governo afirma que os pescadores cadastrados receberão capacitação em programas de turismo ecológico, pesqueiro e produção sustentável da aquicultura, promovidos pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania.

O governo justifica a necessidade do projeto devido à redução dos estoques pesqueiros nos rios do estado, ameaçando espécies nativas de Mato Grosso e estados vizinhos. Além da preservação das espécies e do combate à pesca predatória, o objetivo é impulsionar o turismo no estado e garantir emprego e renda para as famílias.