Estudo clínico avalia remédio experimental contra o coronavírus com a participação de 20 voluntários

A atitude dela inspirou outras 20 pessoas da capital a se voluntariarem no estudo clínico conduzido pela Scorpio-HR, que busca desenvolver o medicamento chamado Ensitrelvir

Selma Auxiliadora de Oliveira Marques, 60 anos, se tornou voluntária em um estudo clínico de um medicamento experimental destinado ao tratamento de pacientes com covid-19 em Cuiabá. Ela descreve sua participação como um ato em prol do bem comum, um serviço prestado em benefício da humanidade na luta contra a doença.

Cuiabá é uma das 17 cidades brasileiras envolvidas no estudo internacional, que encontra-se na fase 3 e recruta pacientes não hospitalizados e sintomáticos infectados pelo SARS-CoV-2. Além de avaliar a eficácia do medicamento no tratamento, a pesquisa também investiga seu potencial para reduzir o risco de covid prolongada.

Selma, diagnosticada com a doença pela segunda vez, estava enfrentando sintomas como tosse, mal-estar e falta de ar há cerca de três dias quando decidiu participar do estudo, após confirmar sua infecção por meio de exames.

"Testei positivo, estava com sintomas e, devido à minha arritmia, estava preocupada. Acredito que, se pudermos contribuir para obter um medicamento eficaz o mais rápido possível, devemos fazer nossa parte", explicou Selma. A atitude dela inspirou outras 20 pessoas da capital a se voluntariarem no estudo clínico conduzido pela Scorpio-HR, que busca desenvolver o medicamento chamado Ensitrelvir.

O médico infectologista Cor Jesus Fernandes Fontes, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pesquisador principal da Clínica Convida, ressalta a importância do estudo para testar o medicamento que já é utilizado no Japão. Apesar da vacinação contribuir na redução dos casos graves, o vírus continua circulando e sofrendo mutações, justificando a necessidade de buscar tratamentos eficazes.

"Esse vírus, embora esteja atualmente com um comportamento clínico mais benigno, ainda pode afetar gravemente algumas pessoas, especialmente aquelas com comorbidades. Portanto, o objetivo de muitos laboratórios é desenvolver um medicamento específico que impeça o vírus de se multiplicar em nosso corpo", explicou Cor Jesus.

Ele enfatiza que os estudos clínicos são fundamentais para avanços científicos e práticas clínicas mais eficazes, resultando em medicamentos melhores no futuro. A busca por novos tratamentos é crucial para oferecer opções apropriadas para pacientes que testam positivo para a covid-19.

O objetivo do medicamento em estudo é somar esforços no combate à covid-19, agindo nos primeiros dias da infecção para evitar que o vírus se multiplique no organismo e cause formas graves da doença.

Cor Jesus ressalta ainda que a participação de milhares de pessoas em estudos clínicos durante a fase emergencial da pandemia foi essencial para o desenvolvimento seguro e eficiente de vacinas, sempre seguindo rigorosos protocolos internacionais de ética em pesquisa.