O governo brasileiro compilou uma nova lista com 86 indivíduos, incluindo brasileiros e seus familiares, que se encontram na Faixa de Gaza e expressaram o desejo de deixar a região afetada pelo conflito no Oriente Médio em direção ao Brasil. O Itamaraty confirmou essa informação nesta terça-feira (21). Conforme o Ministério das Relações Exteriores, a lista já foi encaminhada para o Egito e Israel, aguardando autorização para a saída dessas pessoas do enclave palestino.

Quando o Brasil conseguiu repatriar os 32 brasileiros que estavam em Gaza em 14 de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo se empenharia em trazer todos os nacionais e seus parentes que desejassem deixar o local. "A gente vai tentar fazer todo o esforço que estiver ao alcance da diplomacia brasileira", declarou na ocasião.

A assessoria de imprensa do Itamaraty destacou que não há um prazo definido para a saída dessas pessoas de Gaza, uma vez que há outras listas de cidadãos de diferentes países ainda aguardando autorização para deixar o local e estão à frente na fila.

A retirada de estrangeiros está ocorrendo de maneira gradual, com aproximadamente 600 autorizações concedidas por dia, a menos que haja interrupções na fronteira de Rafah, que conecta Gaza ao Egito.

O embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto, explicou que a autorização para a saída de pessoas da Faixa de Gaza depende de uma análise dos serviços de segurança dos países envolvidos nas negociações, incluindo Egito e Israel, além das autoridades de Gaza, controlada pelo Hamas, e de países como Estados Unidos e Catar, que atuam como intermediários no conflito.

Na esfera pessoal, a família do brasileiro Hasan Rabbe, resgatado de Gaza, inicialmente desejava deixar a zona de conflito. No entanto, após ameaças recebidas no Brasil, a família desistiu da mudança. Hasan, comerciante de 32 anos que reside em São Paulo, tem sido alvo de ameaças desde sua chegada ao Brasil, solicitando proteção ao governo. Ele relatou que sua família em Gaza também enfrenta ameaças, levando à decisão de desistir da vinda para o Brasil.

A Operação Voltando em Paz, liderada pelo governo federal, coordenou dez voos para repatriar brasileiros e seus familiares da região do conflito. A maioria desses voos partiu de Tel-Aviv, em Israel, e um grupo saiu de Amã, na Jordânia, repatriando indivíduos do território palestino da Cisjordânia ocupada. O último grupo, composto por 32 pessoas, deixou a Faixa de Gaza após mais de um mês de tensão e angústia. No total, a operação transportou 1.477 pessoas e 53 animais domésticos, incluindo 1.462 brasileiros, 11 palestinos, três bolivianos e uma jordaniana.