
O cineasta cuiabano Bruno Bini acredita que o destaque de seu filme Cinco Tipos de Medo pode impulsionar ainda mais a produção audiovisual em Mato Grosso, após a conquista inédita do Kikito de Melhor Filme no 53º Festival de Cinema de Gramado, realizado no Rio Grande do Sul.

Esse prêmio cria uma visibilidade interessante, porque atrai o olhar do resto do Brasil para cá
Além do principal prêmio do Festival, o longa também foi reconhecido nas categorias Melhor Roteiro, Melhor Montagem e Melhor Ator Coadjuvante, vencido por Xamã, que interpreta o personagem Sapinho.
“Esse prêmio cria uma visibilidade interessante, porque atrai o olhar do resto do Brasil para cá. De certa forma, faz com que as pessoas passem a olhar com mais interesse para o que estamos produzindo aqui. Isso é algo que não tem preço”, afirmou o diretor ao MidiaNews.
Para o cineasta, o reconhecimento nacional pode atrair investimentos para o cinema mato-grossense dentro do cenário audiovisual brasileiro, tanto no que se refere ao público consumidor quanto à crítica especializada.
“[O reconhecimento] leva a gente a refletir sobre várias questões. Uma delas é o fortalecimento e a consolidação da ideia de que o cinema feito em Mato Grosso é forte, potente. Ele é construído com narrativas interessantes e impactantes, que dialogam com o público e também com a crítica. Existe, sim, um cinema de qualidade sendo feito aqui, que conta histórias que valem a pena ser vistas", acrescentou.
A produção do filme
O longa teve como ponto de partida o curta Três Tipos de Medo, lançado por Bini em 2016, inspirado em uma reportagem da jornalista Aline Chagas sobre uma mobilização popular no bairro Novo Colorado, em Cuiabá.
Apesar dos pontos em comum entre os personagens presentes nas obras do diretor, Bini ressalta que Cinco Tipos de Medo aprofunda a narrativa e reflete sobre o impacto da violência urbana no cotidiano da população.
“Na verdade, ele [o personagem principal] é mais um personagem dentro de um contexto de violência urbana, em uma narrativa de vidas afetadas de maneira irreversível. São pessoas que sofrem muito com a violência e que buscam redenção, que buscam um pouco de felicidade no meio da dor”, explica.
As filmagens foram realizadas no final de 2023, e o Festival de Gramado marcou a primeira exibição pública do longa. Na plateia estavam os principais nomes do elenco e a equipe de produção.
“Nossa sessão foi especial. O carinho com que o público recebeu o filme foi algo que tocou o coração mesmo. Saímos da sala muito emocionados, porque a reação foi muito forte. A gente já se sentia realizado ali”, contou o diretor.
Com a excelente recepção, Bruno Bini refletiu sobre a importância de valorizar o cinema regional e o sentimento coletivo que envolve essa conquista.
“É um sentimento de gratidão, de conquista coletiva. Isso é resultado de anos de batalha de um segmento inteiro. Foi algo construído ao longo do tempo, com o trabalho de muita gente. Muitos vieram antes de mim e abriram caminhos. Hoje, Mato Grosso está se consolidando como um local fértil para o cinema e o audiovisual, com novos realizadores surgindo e colocando suas histórias na tela”, afirmou.
Apesar da boa recepção, o filme ainda não tem data de estreia confirmada nos cinemas. Segundo Bini, a expectativa é que o lançamento ocorra no primeiro semestre de 2026.
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