
Alessandra Moja Cunha, por anos conhecida como presidente da Associação da Comunidade do Moinho, foi presa nesta segunda-feira (8) sob suspeita de atuar como peça central de atividades criminosas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), no centro de São Paulo.
A prisão ocorreu durante a Operação Sharpe, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, com apoio das polícias Militar e Civil. Segundo as investigações, Alessandra comandava um esquema que envolvia tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e cobrança de propinas de moradores.
Uso político e manipulação de manifestações
De acordo com o Ministério Público, Alessandra se valia do papel de liderança comunitária para cooptar moradores e influenciar atos públicos, dificultando operações policiais na região. O MP também apontou que famílias interessadas em participar do programa habitacional da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano eram obrigadas a pagar uma “taxa de liberação” para terem o cadastro autorizado.
As apurações indicam que Alessandra era responsável por repassar informações contábeis de negócios da família ao irmão, Leonardo Moja, o “Léo do Moinho”, preso em 2024 e apontado como chefe do tráfico local. Além dela, sua filha, Yasmin Moja, também foi detida.
Disputa entre governo e crime organizado
A Favela do Moinho tornou-se foco de disputa desde que o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou, em abril, a remoção gradual dos moradores para implantação de um novo plano de urbanização.
Dois meses depois, em junho, Alessandra organizou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à comunidade. Na ocasião, Lula prometeu R$ 250 mil para auxiliar na compra de moradias via financiamento público. A líder comunitária também se reuniu com o ministro Márcio Macêdo e apareceu em fotos ao lado do deputado Guilherme Boulos (Psol).
Para o MP, sua atuação política servia de cortina de fumaça para manter e expandir a influência do PCC no território.
Histórico criminal e desdobramentos da operação
O histórico de Alessandra inclui uma condenação por homicídio qualificado em 2005. Presa em 2018, ela obteve progressão de regime e conquistou liberdade em 2019 após redução de pena por trabalho e estudo.
Na operação desta segunda-feira, foram cumpridos dez mandados de prisão e 21 de busca e apreensão. Além de Alessandra e sua filha, foi preso o traficante José Carlos da Silva, o “Carlinhos”, apontado como sucessor de Léo no comando do tráfico local.
